EE-01. Sobre as seitas e seus adeptos

1. O QUE É UMA SEITA?

Definimos seita como “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas” [1]. Essa “interpretação errônea” normalmente consiste em:

  • distorcer verdades da Bíblia, interpretando-a segundo os interesses da seita;
  • acrescentar falsos ensinos à Bíblia, normalmente por “revelação especial” do fundador ou líder da seita;
  • subtrair verdades da Bíblia, quando esta contradiz claramente o que ensina a seita.

2. COMO DISCERNIR FALSOS ENSINOS?

A própria Bíblia estabelece o critério definitivo para julgar se um ensino é falso ou verdadeiro: basta perguntar ao que expõe tal ensino: “Para você, quem é Jesus Cristo?” (conforme Mt 22.42; 1Jo 2.22, 4.3; 2Jo 7). Podemos rejeitar como falsa toda resposta que negue a divindade de Jesus, sua encarnação, morte e ressurreição corpórea, como único Senhor e Salvador dos homens. Por exemplo, se você fizer essa pergunta para um espírita, ele vai responder que Jesus é um Ser Iluminado, um Mestre Cósmico, um Espírito que atingiu a perfeição e não necessita mais reencarnar. Um judeu ortodoxo afirmaria que Jesus foi no máximo um rabino em sua época, mas nunca o Messias esperado por eles. Um muçulmano diria que Jesus é um profeta menor (sendo Maomé o maior).  Um budista afirmaria que Jesus foi uma das encarnações do Buda. Um esotérico diria que Jesus foi um precursor do Avatar que virá, etc. Mas nenhum deles reconheceria que Jesus é o Filho de Deus, Senhor e Salvador, o único que pode perdoar nossos pecados, Aquele que se manifestou em carne para destruir as obras do diabo.

Portanto, aquela simples pergunta é o grande divisor de águas entre o evangelho e as falsas religiões e seitas. Ela ajuda a esclarecer e evitar muita confusão de comunicação entre os verdadeiros cristãos e os adeptos das seitas, pois estes se submeteram a um processo de “condicionamento mental” que interpreta de maneira completamente diferente (extra-bíblica ou anti-bíblica) certas palavras e expressões que usamos.

O Dr. Walter Martin [1] fornece alguns traços psicológicos que são comuns às diferentes seitas, e que portanto nos ajudam a distinguí-las e compreender as reações de seus adeptos:

  1. Autoritarismo do líder. As seitas sempre começam com “revelações especiais”   do seu fundador. Tais declarações autoritárias são recebidas como  verdade inquestionável, e com o passar do tempo tornam-se dogmas da seita.  
  2. Fechamento da mente. Eles não buscam uma avaliação racional dos fatos. A cúpula da organização interpreta os fatos para os membros, invocando a autoridade do seu fundador ou de algum livro sagrado para eles (que pode ser a própria Bíblia, interpretada segundo as conveniências da seita). Mesmo quando as contradições do ensino da seita são evidentes, o condicionamento psicológico a que se sujeitam seus adeptos os leva a ignorar o fato usando argumentos como “isto é absurdo”, ou “é a exceção que confirma a regra” ou “não temos acesso à verdade, e as únicas fontes de que dispomos não são confiáveis”, e coisas similares.
  3. Forte oposição pessoal contra os cristãos. Eles não admitem o questionamento que os cristãos oferecem contra os seus argumentos e crenças, pois na grande maioria dos casos foram levados a pensar que, por não pensarmos como eles, estamos debaixo de influência satânica, preconceitos cegos ou grande ignorância.

Além das características acima poderíamos acrescentar outras duas frequentemente observadas em várias seitas:

  1. Isolamento. A seita procura proteger seu sistema de ensino e seu estilo de vida isolando-se do mundo ao seu redor. Exceto pelos esforços de ganhar novos adeptos, seus membros usualmente são proibidos de ter maior contato ou conviver com as pessoas que não pertencem à seita.
  2. Pressão psicológica. Como a seita sempre se considera possuidora da verdade, é comum que ela exerça forte pressão psicológica sobre seus seguidores, ameaçando-os com a “perda da salvação” caso algum membro decida abandonar a mesma.

3. COMO TRATAR OS ADEPTOS DE UMA SEITA?

Devemos ver o adepto de uma seita como Deus o vê: repreendendo o seu pecado, mas ao mesmo tempo amando-o profundamente. Deus criou o homem com o livre arbítrio e respeita as escolhas que uma pessa faz, embora procure levá-la ao arrependimento e à conversão a Ele. Nós devemos fazer o mesmo.

Devemos também entender como os adeptos da seita nos vêem. Eles normalmente tiveram decepções com alguma forma anterior de fé (com frequência o próprio evangelho) ou então com os homens  que a professam, e por causa disso abraçaram a seita com sincera entrega pessoal. Submetem-se então ao condicionamento psicológico da seita e passam a considerar-se mais santos e mais sábios que nós. Por isso nos vêem como pessoas presas à ignorância ou vítimas do engano das trevas. Também estão acostumados a serem atacados e tratados com adversidade. Podemos então surpreendê-los positivamente, tratando-os com amor, respeito e sincero interesse por suas vidas. Devemos ter sempre em mente que eles são “almas preciosas pelas quais Cristo se sacrificou; que são seres humanos com lar, família, amigos, emoções, problemas, sonhos, temores e frustrações como todos os outros” (ref. [1], Vol I, pag. 191).

Ao ser abordado por um membro de seita que tente nos “evangelizar”, tenhamos em mente 1Pe 3.15-16: em primeiro lugar devemos ter bom testemunho de vida em Cristo, santificando-o em nosso coração; em segundo lugar devemos estar preparados (mediante estudo prévio) para glorificar a Cristo com entendimento e sabedoria; e em terceiro lugar,  respondamos com mansidão, confrontando com serenidade o falso ensino da seita e apresentando a luz do evangelho, para que aquela pessoa compreenda a razão da nossa fé.

E quando você for evangelizar um adepto de seita, inspire-se em At 8.26-35, fazendo como Filipe: em primeiro lugar, permita que o Espírito Santo lhe guie (isso é fruto da intimidade com Deus, em oração); em segundo lugar, muito importante: parta sempre do nível em que a pessoa está em termos de entendimento da verdade. Isto significa buscar um ponto comum entre a seita e a fé cristã (sempre há algum, por mínimo que seja) e, a partir deste ponto,  procurar levar a pessoa ao conhecimento de Cristo, com mansidão e amor.

 

REFERÊNCIAS

[1] Walter Martin, “O Império das Seitas”, Editoria Betânia, 1992.

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