EE-04. Sobre os dons espirituais

A ATITUDE CORRETA SOBRE OS DONS ESPIRITUAIS NA IGREJA

A Bíblia revela claramente que além das manifestações do fruto do Espírito,  disponível para todo aquele que o busca (Gl 5.22), existe toda uma diversidade de dons especiais que o Espírito Santo distribui segundo sua vontade no meio da Igreja: profecia, diaconia (serviço), ensino, exortação (encorajamento), doação, governo, misericórdia (Rm 12.6),  palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dons de curar, operação de maravilhas, discernimento de espíritos, variedade de línguas, interpretação de línguas (Rm 12.6-8; 1Co 12.9-10, 28-30), além ainda dos dons e chamados ministeriais para apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres (Ef 4.11).

É muito importante que evitemos cair em extremos no que diz respeito a esses dons do Espírito Santo, e sua ministração dentro da Igreja. Discutiremos brevemente duas atitudes extremistas e equivocadas sobre os dons espirituais: o “cessacionismo” e o “misticismo”.

O “cessacionismo”: O catolicismo romano e algumas denominações evangélicas tradicionais, devido ao seu racionalismo exagerado e falta de fervor, caem no erro de considerar que os dons espirituais só existiram no período inicial da igreja primitiva, mas que hoje sua manifestação já cessou. Esta posição é equivocada porque, em primeiro lugar, não existe nenhum versículo da Bíblia que afirme tal coisa. Alguns tradicionalistas têm usado 1Co 13.8-13 para apoiar sua “doutrina cessacionista”, argumentando que o “perfeito” a que se refere Paulo no versículo 10 é a formação do cânon bíblico, e como nos dias de hoje já se formou a revelação completa e perfeita da Bíblia Sagrada, os dons espirituais (especialmente línguas, maravilhas e profecias) já não seriam necessários e teriam desaparecido da Igreja. Tal interpretação é bastante “forçada” (pois nada no texto sequer sugere que “perfeito” se refere às Escrituras). Além disso esse argumento não se sustenta, porque o versículo 8 diz que com a vinda do “perfeito” o conhecimento também cessará. E seria absurdo afirmar que a formação da Bíblia fez cessar o conhecimento. Portanto, é mais provável concluir (embora também não possamos ter certeza) que a expressão “o perfeito” se refere a Cristo, já que após sua vinda, em seu Reino, não necessitaremos mais de profecia, línguas, e nem de mais conhecimento (porque em Jesus estão todos os tesouros da sabedoria e ciência). De fato, quando estivermos com Jesus no céu, até mesmo a fé e a esperança perderão o sentido, pois estaremos vivendo em plenitude eterna (entretanto, como afirma o texto, o amor permanecerá para sempre na eternidade, pois é muito superior a todos os demais dons espirituais). Além de tudo isso, existem “muitas e infalíveis provas” da operação de todos os dons espirituais no meio da Igreja nos dias de hoje (excetuando-se os casos de charlatanismo que infelizmente também existem). Em várias denominações e ministérios, são muitos os casos bem documentados sobre curas milagrosas, incluindo ressurreição de mortos, cumprindo o que Jesus havia prometido a seus discípulos de qualquer época (Jo 14.12; Mc 16.17).

O “misticismo evangélico”: Analisemos agora o outro extremo equivocado com relação aos dons espirituais: o misticismo, que consiste em supervalorizar o sobrenatural. O misticismo se apóia sobre duas pernas: a ignorância dos que o aceitam e o egocentrismo dos que o “ministram”. Por sua ignorância ou conhecimento insuficiente da Palavra de Deus, o místico evangélico  procura sempre algo oculto ou misterioso em tudo, a ponto de negar a própria razão e contradizer ou distorcer o que está claramente revelado na Bíblia Sagrada. Por exemplo, ele busca continuamente e dá mais valor a profecias e revelações (preferivelmente sobre sua própria vida) do que ao estudo e prática da Palavra de Deus. Por isso, com frequência acaba sendo vítima de falsos profetas e heresias que circulam pela Igreja.

O outro aspecto do misticismo evangélico é o “egocentrismo espiritual”, que consiste em usar os dons do Espírito Santo para benefício próprio. Esse foi o erro de Balaão (Nm 21-24, 31.16, Js 13.22; 2Pe 2.15; Jd 11; Ap 2.14) e o intento maligno de Simão, o mago (At 8.9-24). O Espírito Santo concede graciosamente dons espirituais a cada crente (de maneira definitiva e irrevogável) para o propósito de serviço e edificação da Igreja, em amor (1Co 14.5,12,26; Ef 4.12,16). Por isso, utilizá-los para qualquer outro fim é um pecado grave, especialmente se seu uso for motivado pela ganância materialista (procurando tirar proveito financeiro com os dons) ou pelo orgulho espiritual (procurando vangloriar-se em meio aos irmãos). Consequentemente, a Palavra de Deus repreende e adverte severamente contra tal prática (Mt 7.22-23; 1Tm 6.5-10; Rm 16.18; Fp 3.18-19).

Portanto, a postura correta com relação aos dons do Espírito Santo é “buscar com zelo os melhores dons” (1Co 12.31), através de oração e vida consagrada, fazendo isso porque temos no coração o sincero desejo de usar os dons para melhor servir a Deus e aos irmãos.

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