“As mãos que ajudam são mais santas do que os lábios que oram”
(Madre Teresa de Calcutá)
É muito louvável a atitude dos que oram a favor do próximo. Mais ainda dos que oram por seus inimigos. Orar pelos outros é evidência de que os queremos bem (mesmo que, no caso dos inimigos, até nos odeiem). A oração também evidencia que temos fé no Deus vivo, que sempre está disponível para nos ouvir e responder o que lhe pedimos.
Mas creio que Deus olha muito mais para os nossos pés do que para nossos lábios. Um ato vale por mil palavras. Um gesto simples de amor tem maior eloquência do que muitos discursos inflamados. A Bíblia ensina que a fé sem obras é fé morta. Todos nós agimos segundo o que cremos. São as nossas crenças que impulsionam os nossos atos. Portanto, se nossa preocupação com o próximo não se traduz em ações mais concretas do apenas mover nossos lábios a fim de aplacar nossa consciência, podemos concluir que não temos o tipo de fé que opera pelo amor: a fé viva implantada em nós por Deus, que é Amor. O apóstolo Tiago adverte em sua epístola (Tiago 2.14-18) que, se virmos um irmão necessitado e não fizermos mais por ele do que simplesmente orar, não haverá nenhum proveito espiritual nisso. Estaremos apenas atestando, aos olhos de Deus, que não temos “a fé que salva”, a fé que transforma a vida das pessoas ao nosso redor.
As boas obras deveriam ser rotina na vida cristã. Deveriam fluir naturalmente de um coração regenerado pela presença do Espírito Santo, deveriam brotar sem esforço de olhos espirituais que enxergam além do saldo de sua conta bancária e contemplam o tesouro celestial depositado por cada ato de amor a favor do próximo.
Infelizmente a igreja de Cristo está, em sua esmagadora maioria, mergulhada até o pescoço num individualismo exacerbado, priorizando apenas e tão somente o próprio ventre. É triste reconhecer o fato, mas os maiores exemplos que tenho visto de abnegação, de entrega, de desgastar a própria vida em prol das demais pessoas, não tem vindo do “povo de Deus”. Imagino que, se isso provoca espanto e tristeza a nós, que somos limitados e imperfeitos, o quanto mais não indignará o nosso Pai Celestial, que nos recriou em Cristo Jesus e de antemão preparou as boas obras, para que andássemos nelas?! (Efésios 2.10).
Não estou sugerindo aqui um assistencialismo barato, cuja finalidade principal é apenas a auto-gratificação do ego, para que lá no interior possamos pensar o quanto somos bons, nobres e honrados por ajudar o próximo. Apenas acho que é tempo de avaliarmos criticamente que tipo de cristianismo temos vivido, se tudo o que buscamos são bênçãos materiais para nós mesmos, e se tudo o que eventualmente fazemos pelos demais irmãos, pelos necessitados ao nosso alcance e demais pessoas da nossa cidade, se resume a esparsas orações pré-fabricadas e requentadas durante algum culto ou campanha especial.
É tempo de nos voltarmos ao Senhor, nos arrependermos do nosso egoísmo, do nosso egocentrismo, da nossa miopia espiritual e humildemente pedir a Ele que nos conceda a graça de servi-lo através do próximo, com o mesmo amor com o qual ele nos tem amado desde a eternidade.